Iniciativa permite que pacientes oncológicos tenham mais acesso à arte e cultura
Amanhã, dia 24 de agosto, ocorrerá o MC Dia Feliz, campanha do MC Donalds´s que reverte parte da arrecadação obtida com a venda do Big Mac, a projetos de instituições que trabalham em benefício de adolescentes e crianças com câncer. Esse dia leva a sociedade a refletir sobre esse drama que afeta famílias de todas as classes sociais. Devastadora, essa é a segunda causa de morte no Brasil em indivíduos de 0 a 19 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope). Anualmente, surgem 12 mil novos casos no território nacional, mas estima-se que menos da metade cheguem aos centros de tratamento especializados.
Como melhorar sensivelmente a qualidade de vida e o bem-estar de crianças com câncer? O aumento dos índices de cura está vinculado aos seguintes fatores: melhores condições de tratamento e diagnóstico precoce. Nesse contexto, o contato com atividades artísticas, o fazer artístico e o estímulo à criatividade são ferramentas que promovem novas experiências, bem-estar e integram as práticas multidisciplinares que trabalham com o alívio dos sinais e sintomas.
Para promover o contato dessas crianças com a arte e, através desta, possibilitar a expressão de seus sentimentos e emoções de forma não verbal, o Ateliê 82 criou o Projeto Alquimia. A iniciativa permite que crianças e jovens com câncer possam ter vivências artísticas em encontros semanais, que estimulem a criatividade, reestabeleçam a sociabilidade, melhorem a autoestima, trabalhem as competências e habilidades do fazer, utilizando materiais diversos.
Idealizado e realizado pela Arte Educadora Ana Emilia Ribeiro, o projeto baseou-se na extensa experiência de sua criadora. Ana Emilia teve seu primeiro contato com crianças com câncer há 21 anos, pois iniciou suas atividades no Arte Despertar, organização que atende hospitais como Graacc, Imcor, ICESP, Santa Casa de SP dentre outros, desenvolvendo particularmente atividades lúdicas e artísticas com crianças em atividade escolar que não necessariamente demandavam cuidados especiais. Pedagoga e graduanda em fisioterapia com especialização em atendimento escolar na área hospitalar para pacientes oncológicos gravemente enfermos ou sob cuidados paliativos pela UNIFESP-IOP/GRACC, Ana Emilia também atuou por 20 anos na rede particular de ensino como professora de artes – Escola Nova Lourenço Castanho e Scuola Eugênio Montale -, participando concomitantemente, de projetos relacionados à área da saúde. “Atualmente, dou continuidade às atividades realizadas nas instituições, atendendo em grupos ou individualmente no ateliê e ambiente hospitalar. Afinal, o câncer na vida da criança é mais um evento, a criança brinca, passeia, estuda e tem câncer. A doença não é o centro da vida dela, como algumas vezes acaba acontecendo com o adulto. Nosso trabalho também é procurar aliviar o custo emocional decorrente do tratamento”, afirma a educadora. “Tenho muita paixão por essa profissão, porque querer que essas crianças tenham acesso a um pouco mais de arte e cultura é uma causa, uma militância. Claro que há momentos difíceis no caminho, mas já foi bem pior porque há 20 anos, o índice de sobrevida era apenas 30% e hoje está em 80%. Mas também há momentos de puro encantamento pela superação que os pacientes demonstram. Já vi crianças que tiveram o membro dominante amputado (braço) conseguirem desenvolver atividades utilizando outro lado com a mesma destreza, estimuladas pela pluralidade de materiais que utilizamos, e se alegrarem com o processo”, conta Ana Emilia.
E agora, com seu Ateliê 82, Ana Emilia coloca à disposição das crianças e jovens com câncer, a possibilidade de terem contato com técnicas como desenho, pintura, modelagem e demais técnicas bi e tridimensionais. “O desenvolvimento das atividades tem como preocupação adaptar as técnicas e materiais às condições clínicas da criança para que desenvolvam as propostas com prazer e tranquilidade. Caso a criança se encontre impossibilitada de comparecer às atividades em virtude de hospitalização, as aulas podem ser realizadas na instituição de encaminhamento de origem, com a autorização da equipe clínica”.
Para participarem do Projeto Alquimia, as crianças precisam ser encaminhadas pelos médicos, devidamente autorizadas pela equipe clínica para a realização das atividades; é necessário também uma declaração de necessidade de bolsa para custeio das aulas.
O programa é mantido através de doações de patrocinadores que acreditam e consideram importante o desenvolvimento das habilidades artísticas das crianças em tratamento para além do ambiente hospitalar. O custo mensal para cada criança é de R$ 600 e cada uma conta com seis patrocinadores, que contribuem mensalmente com R$ 100 por um período de seis meses. Cada patrocinador recebe relatórios mensais comprovando a frequência e descrevendo o desempenho de cada aluno aos responsáveis legais, aos patrocinadores e a equipe multiprofissional que realizou o encaminhamento. O Projeto Alquimia já recebeu a adesão de 53 pessoas de junho para cá, quando teve início.
Corporações também podem juntar-se à causa, como a C4i Monitoramento 360º, especializada em soluções de análise sistêmica e inteligente de imagens. “Para nós é uma grande honra participar de uma missão tão especial como a do Projeto Alquimia. Somos um dos patrocinadores e queremos ajudar a atrair ainda mais parceiros para essa importante iniciativa”, incentiva Alexandre Chaves, CEO da empresa de tecnologia e inteligência artificial.
Quem quiser ajudar, encontra todas as informações pelo link https://www.atelie82.com.br/projeto-alquimia.