Confira a segunda parte da entrevista de Alexandre Chaves, CEO da C4i, no podcast Facility Management Sem Mistérios, com o apresentador Thiago Santana.
A primeira parte da entrevista terminou com uma provocação do Alexandre sobre o papel do ser humano e a relação com a tecnologia.
Leia a continuação desse bate-papo:
Thiago Santana: O core business das soluções inteligentes é o fato de não precisar mais que dezenas de pessoas fiquem olhando centenas de imagens para conseguirem identificar alguma ocorrência. Poderia explicar mais sobre como o monitoramento inteligente funciona e com quais sistemas ele pode fazer integração?
Alexandre Chaves: Quando as pessoas visitam a nossa empresa e mostramos a nossa central de operação, todas demonstram surpresa porque ela diverge totalmente daquilo que entendemos como central de monitoramento.
A central de monitoramento clássica é aquela onde você tem muitas telas e muitas pessoas olhando imagens. Como desde o início acreditamos firmemente no ser humano em uma outra posição, em um papel menos operador e mais analista, nós deixamos sempre a tecnologia fazendo essa primeira função de identificar não conformidades.
No nosso modelo nós não temos imagem na operação e o ser humano começa a tratar a informação depois que a inteligência dispara um alerta. O robô faz esse papel de identificar um potencial risco ou uma não conformidade e a partir disso traz essa informação para o analista. Isso pode acontecer de forma remota, dentro da nossa operação ou dentro da empresa do cliente.
A ciência já comprovou que é impossível o ser humano conseguir se manter atento observando milhares de câmeras, porém 90% do mercado ainda tem esse modelo dentro das suas estruturas: uma central interna com muitas câmeras e um ser humano olhando. É uma falsa sensação de segurança, porque a última coisa que o ser humano faz nessas centrais de monitoramento é observar as imagens, ele vai precisar cuidar do interfone, do elevador, do alarme de incêndio e o monitoramento fica em segundo plano.
Sabe aquele paradoxo de Gabriela? Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim. Há determinados segmentos do mercado que estão há 30 anos do mesmo jeito. Eles precisam se questionar se os processos devem ser feitos da mesma forma que antes, se continuam fazendo sentido. O mercado de tecnologia mostra que há várias maneiras de se fazer as coisas com nível de eficácia e eficiência infinitamente maiores do que antigamente.
Thiago Santana: Quando falamos de monitoramento sempre pensamos no problema. Quero ir para o outro lado agora: já existem pessoas usando, ou no mínimo discutindo, como essa solução inteligente proativa pode melhorar a experiência do usuário, melhorar o valor agregado das marcas e produzir um serviço melhor?
Alexandre Chaves: Já tem muita coisa acontecendo de uma forma silenciosa, mas cabe aqui fazer um comentário sobre a LGPD. Há um limite até onde podem ser trabalhadas essas informações: desde que aquilo seja colocado de forma explícita e que haja o consentimento da parte fornecedora do dado, não há problema.
Um exemplo prático da experiência do usuário é que você pode ter um número muito menor de pessoas envolvidas em um processo de recepção de prédio. Eu sou o anfitrião, vou convidar o Thiago para vir até a minha empresa por uma plataforma como o WhatsApp, por exemplo. O app de mensagem vai conversar com ele, vai pedir que se antecipe colocando os seus dados e ao término da visita ao prédio as suas informações serão deletadas para ficar em total conformidade com a LGPD.
O processo todo é: a pessoa vai chegar ao prédio, vai avisar que está no local e automaticamente – se o anfitrião autorizar – ela terá um QR Code ou até a sua própria face (caso tenha optado pela selfie como forma de identificação) para poder entrar no prédio. Tudo isso sem precisar passar pela recepção ou pegar fila, otimizando uma série de etapas que antigamente dependiam de pessoas, de espera, de pegar cartão e botar dedo para leitura biométrica, ainda mais em tempo de pandemia em que as pessoas estão evitando contato. Você pode fazer o uso do próprio celular e do próprio aplicativo, como WhatsApp, como credencial de acesso para entrar em um prédio, é muito interessante, pois reduz o atrito com o usuário e melhora muito essa experiência dele da visita.
Thiago Santana: Mas tem o outro lado que você comentou, que é a questão da LGPD. Quando falamos em consenso e dados identificados, temos muito mais zonas acinzentadas do que certezas nesse momento na gestão desse tema. Até onde podemos ir para não ultrapassarmos o limite?
Alexandre Chaves: Eu sempre gosto de responder as coisas exemplificando, até trazendo um fato prático. Isso que acabei de falar sobre o anfitrião convidar o visitante para ir até o prédio, no momento que ele enviar o convite, provavelmente irá junto um PDF ou um vídeo falando quais são as regras de segurança do edifício que ele irá visitar e a partir desse momento vai ficar muito claro quais são os dados que serão coletados, qual a finalidade e que o cliente terá total possibilidade de revogar essas informações. À medida que fazemos isso, a pessoa passa a entender a política e aceita a regra, automaticamente o processo todo estará dentro da conformidade da LGPD.
A LGPD começou a valer em agosto de 2021 e todo mundo está em uma corrida muito grande para poder se adaptar, mas eu acho que tem muita coisa hoje que ainda está sendo feita, acredito que alguns setores estão mais atrasados e outros mais evoluídos e que vão ter que tomar muito cuidado com o uso dessas informações. Quem aqui não fica incomodado quando recebe uma ligação ou uma mensagem de alguém oferecendo alguma coisa? Isso realmente precisa acabar porque as pessoas estão fazendo um uso muito ruim das informações que ficam disponibilizadas.
O cliente é soberano, é o usuário que tem que aceitar que as informações dele sejam utilizadas para determinados fins. O varejo e todos os setores vão ter que buscar essa conformidade junto ao seu usuário.
Thiago Santana: Hoje quando você entra em um site, eles pedem que você aceite os termos deles para continuar navegando naquela página. Eu não sei o que é pior, porque antes eu não tinha essa consciência e hoje eu estou concordando com isso. Acredito que vamos precisar chegar em um equilíbrio daqui para frente sobre essa questão sobre o quanto você autoriza.
Alexandre Chaves: Com certeza, ainda terá muito alinhamento. O Brasil começou a dar esse passo, mas de fato tem muita coisa para ser ajustada e trabalhada, realmente há um limite. Eu acho que não pode nem ser muito para um lado e nem muito para outro, precisa calibrar isso.
Thiago Santana: Se uma empresa quiser começar a conversar sobre essa mudança de migrar os seus sistemas para um monitoramento inteligente, por onde ela deve iniciar?
Alexandre Chaves: O ponto de partida é ter uma “dor” que precisa ser resolvida. Às vezes o gestor já tem uma central de monitoramento, já tem câmeras implementadas, e isso para nós é uma vantagem enorme, porque precisamos das câmeras instaladas no local onde existem potenciais riscos ou dores. Se existe uma imagem naquele site, já temos uma etapa muito importante do processo, porque tudo isso que estamos falando acontece de forma totalmente agnóstica. Falarmos de adicionar inteligência não está relacionada ao hardware, nós não necessariamente precisamos trocar o hardware, ele existe no local e gera uma imagem, a partir da imagem colocamos inteligência. O primeiro passo é verificar se onde o gestor possui dor já existe imagem, se sim, 50% do processo já está pronto.
As outras coisas, como encaminhamentos e análises, nós entramos para poder entender, mapear e ajudar o gestor a atingir os objetivos e elevar o processo dele de monitoramento para outro patamar.
Thiago Santana: A tecnologia é o meio, mas primeiro você tem que ter muito claro qual é o problema que você precisa resolver para aí sim decidir que soluções aplicar. Se você não souber o problema, a chance de se frustrar com qualquer solução é muito grande. Poderia explicar melhor sobre como funciona a C4i, que serviços ela oferece para o público em geral e onde o pessoal consegue mais informações sobre vocês?
Alexandre Chaves: A nossa empresa tem uma proposição de monitoramento diferente do que o mercado clássico faz, estamos totalmente voltados à prevenção. A prevenção é a adição de inteligências e menos o monitorar depois que acontece. O mercado hoje quando pensa em monitoramento pensa que gravar a imagem é monitoramento. Quando eu gravo a imagem, aquela gravação vai me permitir que eu assista a filmagem do problema, mas eu não estou resolvendo o problema.
Nosso trabalho é trazer a prevenção, a proatividade para dentro do tema monitoramento, adicionar inteligência para poder resolver dores, para fazer com que isso de fato agregue valor e transforme efetivamente a vida dos nossos clientes, das empresas que fazemos parte.
O nosso site é o www.c4i.com.br e estamos nas redes sociais. Estamos à disposição de todos com soluções inovadoras, com serviços disruptivos de monitoramento para todos os estados do Brasil.