Na segunda parte do bate-papo dos apresentadores Roberto Coletti e Antônio Neves com o CEO da C4i, Alexandre Chaves, no programa Tacada de Mestre, foram abordados assuntos extremamente importantes sobre o mercado de segurança e de tecnologia, como metadados e metaverso, bitcoin, dissídio do setor de vigilância patrimonial, entre outros temas que estão muito em pauta no mercado.
Caso tenha perdido a primeira parte, que fala sobre projetos de segurança disruptivos e inteligência em segurança, acesse: Tacada de Mestre: Monitoramento Inteligente – Parte 1.
Roberto Coletti: Como você enxerga o universo dos metadados dentro da segurança?
Alexandre Chaves: Tem tanta coisa acontecendo hoje, muitas ideias estão sendo testadas. Não há amostra suficiente para dizer com clareza o quanto isso vai contribuir para o nosso mercado, especificamente sobre segurança.
Hoje estamos estrategicamente focados no setor de segurança, mas a C4i nasceu olhando de uma forma mais ampla, tanto que muitas vezes nós temos contribuído em âmbitos empresariais que nada tem a ver com segurança. Entendemos que a câmera de segurança é o equipamento que está captando informação, mas aquele dado está sendo tratado e entregue muitas vezes para uma outra área. Já tivemos caso que quem pagou a conta do projeto foi a área de marketing, porque a segurança não tinha dinheiro, as coisas estão indo nessa direção.
Antonio Neves: Eu acredito nisso e defendo que para segurança, tirando as empresas que são core business security, você não tem um só centavo para investimento, é a realidade das companhias. Então se o gestor de segurança não entender o problema e propor a solução para o negócio de forma integrada, ele vai estar sempre cuidando da questão da “hora homem” e da escala de segurança e nada envolvido na estratégia de negócio. Ninguém melhor que o gestor de segurança e de riscos para dar uma solução bastante holística para o negócio.
Alexandre Chaves: Às vezes eu percebo uma certa falta de empatia do setor. Estou cansado de falar para os integradores que quando forem levar algo para o cliente, eles precisam levar o racional, qual será o Retorno Sobre o Investimento (ROI), para que aquilo que você está apresentando faça sentido. Vejo muita gente sentada na frente do cliente que não se preocupa em entender a história de quem vai pagar a conta, não leva algo pensando de uma forma 360, mostrando o que tem, quais as dores do negócio, mostrar como trazer eficiência e como viabilizar o projeto.
Roberto Coletti: Agora falando sobre metaverso (mundo real que tenta replicar a realidade por meio de dispositivos digitais), dizem que por lá tudo vai acontecer com pagamento através de Bitcoin, algo que todo mundo criticava. Estamos a anos luz do que é o metaverso quando olhamos o mercado de segurança. Qual é a sua visão quando falamos de venda de soluções?
Alexandre Chaves: Nós não representamos muito bem o setor porque o que estamos fazendo muitas vezes ninguém fez ou sequer tem entendimento do que é. Vou dar uma informação em primeira mão sobre o nosso planejamento estratégico da empresa: ano que vem vamos começar a receber em criptomoedas. É um caminho sem volta. É uma situação que no caso da C4i está muito perto, está beirando nosso quintal. Alguns personagens e o setor de uma forma macro ainda terão muita resistência, terá dificuldade de entender. Se o cliente quer nos pagar com dólar, euro, criptomoedas, não tem problema, vamos dar um jeito de criar uma forma de receber, tocar a vida e entregar o nosso serviço, que é o que nós mais queremos. Não estamos preocupados com qual moeda, se vai ser papel ou virtual, para nós tanto faz.
Roberto Coletti: Acabaram de publicar o dissídio da área de segurança, que ficou em 10,74%. Fiquei muito feliz porque o mercado vai buscar ainda mais soluções em 2022, vai precisar se reinventar, mas o setor não está preparado para isso.
Você está falando em receber em criptomoedas, só que o mercado não está disposto nem a pagar dessa forma, olha como estamos atrasados se olharmos a experiência que o cliente quer gerar para o negócio, para o mercado. O consulado americano sempre contratou segurança patrimonial em dólar e isso já foi um momento disruptivo para as empresas entenderem e aceitar esse modelo, imagina com criptomoedas.
Alexandre Chaves: Eu ainda estou falando em ser mais amplo, porque quando falamos moeda cripto pode ser uma das mil e poucas que existem. Me lembro de um movimento que aconteceu no passado, cerca de 30 anos atrás, que consolidou várias bandeiras de cartões em um lugar só e isso foi um big modelo, totalmente disruptivo naquela época e hoje essas empresas de cartões de crédito estão olhando para esse mercado de criptomoedas e estão com projetos para unificar tudo isso e dar realmente uma facilidade para quem quiser pagar e receber dessa forma. Acredito que esse mercado também vai passar por uma transformação.
Não preciso ir muito longe, fui em um almoço de negócio em um shopping e tinha maquininha Banco 24h e do lado tinha uma máquina de criptomoedas. As coisas estão tão rápidas hoje, estão tão dinâmicas, existem oportunidades que estão ascendendo.
A questão do dissídio, Coletti você já viveu isso. Tenho pena dos prestadores de serviço, do setor de modo geral, as empresas não têm dinheiro sobrando, elas não têm margem de manobra e no fim não vai ter o que fazer a não ser corte de estrutura.
Nós crescemos bastante nos últimos tempos por conta da problemática que a pandemia trouxe para muitos setores e acho que vão surgir muitas situações devido a essa notícia do dissídio. Os gestores que não querem mexer nos seus modelos terão que fazer isso, porque da forma que está não é sustentável, vão ter que procurar tecnologias e parceiros que possam adequá-los ou ajudá-los a ir para esse novo momento.
O mercado hoje está sendo precificado em razão da dinâmica da tecnologia, de fazer mais com menos, não tem jeito, e o gestor que estiver lutando contra isso vai realmente ter muito trabalho.
Antonio Neves: O que iremos enfrentar em 2022 será uma verdadeira pancadaria, não tem como em um ano pós retração como está sendo 2021, com inflação e IPCA lá em cima, os tomadores de serviço terem que absorver mais de 10% de dissídio, infelizmente a conta não fecha, quero ver o que virá de inovação. Aquelas que estão pensando em um modelo quadrado, aqueles que não tem a mente mais aberta, vão simplesmente falar que não conseguem mais atender e fecharão as portas.
Como a C4i entrega o serviço para aqueles que querem fazer algo diferente?
Alexandre Chaves: Nós conseguimos simplificar muito toda a jornada do nosso trabalho com os clientes. Em uma primeira conversa buscamos compreender o momento do cliente, o que ele já possui, entender quem são os elementos e personagens que muitas vezes até de forma externa já estão o apoiando, como consultores e especialistas, saber quem são as pessoas que compõem a área e então checar se em todo lugar em que tem dor, tem equipamento, se já existe um legado.
Uma vez que existe, nós começamos a mapear as oportunidades, que tipo de inteligência eu posso inserir para poder avisar sobre esse potencial risco. A partir disso nós conseguimos dar um diagnóstico rápido de serviços que podem funcionar interno (no próprio cliente) ou se o cliente entender que precisa de um apoio, uma retaguarda externa, contar com a nossa equipe. Quase sempre esse trabalho todo é acompanhado de um ROI, levando o racional de como aquele investimento volta.
Depois começa a entrar um outro fenômeno, por isso nos perpetuamos no jogo, a porta da segurança é a porta de entrada para outras oportunidades que vão surgindo. Por exemplo, nós temos um trabalho em um determinado setor com a temática da segurança, mas aquela segurança já está abastecendo o pessoal de safety, a mesma inteligência que vê se alguém pode ou não estar naquele local, também já está vendo se a pessoa está usando ou não EPI, ou se determinado local não era para ter alguém trabalhando, não é uma questão de violação, mas é uma questão de compliance. São coisas que viram indicadores e a partir dali começamos a dar respostas rápidas. Uma vez colocado inteligência na imagem, e para nós pouco importa se a câmera é da marca A ou B, a inteligência colocada lá é capaz de fazer isso e a mesma inteligência muitas vezes abastece um espectro grande de áreas dentro de uma empresa.
Essa dinâmica que criamos simplificou muito o processo e vem permitindo que a gente se perpetue e cresça dentro dos nossos clientes, acompanhando essas ondulações e processos de adequações aos seus parques ou até mesmo do seu crescimento.
Roberto Coletti: E agora o momento sem crachá. Você é um cara que empreendeu, reinventou o seu negócio e hoje está à frente da C4i, mas viveu no passado momentos austeros e momentos não austeros. Sempre critico publicamente o mercado conservador, o mercado que não se reinventa. Vejo tantas empresas de tecnologia que podem se conectar com o meu business, eu não sou um cara de tecnologia, sou uma empresa que vende soluções e vejo vocês todos como parceiros. Eu tenho que visitar meu parceiro tanto quanto eu visito um novo cliente.
Por que esse mercado é tão desconexo e está longe de empresas de tecnologia dentro do seu negócio?
Alexandre Chaves: Você está fazendo a pergunta do milhão. Eu vendi a integradora para dizer o seguinte: eu vou me colocar à disposição de todos os integradores. São poucos os que hoje são parceiros da C4i. Ou porque eles tentam fazer tudo ou nos enxergam como uma ameaça, é muito difícil, sendo que esses personagens que poderiam nos levar juntos, no sentido de entendimento, de ROI, de solução completa, não nos levam.
Em muitos casos, quando nos é demandado e o cliente não tem infraestrutura, acabo tendo que levar projetos para integradores que estão mais próximos de nós. Em um mercado que deve ter mil grandes integradores, só tem uma meia dúzia que estão próximos. A minha aposta lá atrás era: eu vou sair, vou focar na C4i, vou ser muito especialista em uma parte do processo e vou me colocar à disposição de todos os outros que nos queiram. É uma aderência pequena que vai de encontro com isso que você falou: por que há distanciamento, essa falta de conexão? Realmente é um fenômeno. Eu tenho algumas crenças que é um pouco cultural, é uma teoria por conhecer alguns outros países, percebemos que o pessoal é muito mais resolvido, mais objetivo, o latino romantiza as coisas, tem uma certa vaidade com os seus negócios e sua marca e tem muito dificuldade em se compor com as coisas, eu vejo que alguns outros lugares as pessoas são mais maduras e quero acreditar que é algo que estamos aprendendo ainda e daqui alguns anos vai melhorar.
Eu vejo situações que eu mesmo já fui bastante conservador. Hoje, quando eu me sento com alguém, se eu tiver uma ideia muito revolucionária eu vou abrir aquela ideia, não tenho problema nenhum com isso porque ideia todo mundo tem, transformar aquela ideia em algo real é o grande ativo e isso confio muito no meu taco e no taco do meu time, então não fico muito preocupado, melindrado de falar a minha sugestão para ser discutida, mas isso é uma mudança de cultura que demorei alguns anos para poder pensar dessa forma.
Antonio Neves: Você falou muito da dor quando integrador, de solucionar problema e vemos muitos aquela venda casada, o integrador que só trabalha com determinado equipamento e software. O mercado não tem mais espaço para isso, nós precisamos da solução. Como você se posiciona e enxerga isso?
Alexandre Chaves: Essa história de vir com o processo casado, de dizer que o seu é o melhor, na nossa concepção deixou de existir há muito tempo. Temos liberdade com o mercado, estou no setor há 30 anos, conheço todo mundo, nós não temos nenhum viés, somos totalmente agnósticos em relação a essa parte de infraestrutura, de hardware, para nós tanto faz a marca que estiver lá, o nosso parâmetro é que a imagem tenha boa qualidade, esteja no local certo, onde tem um potencial problema. Os integradores que andam com esse discurso curto vão ter que repensar. Tem fabricantes, não é nem culpa do integrador, que também se posicionam de forma a certificar determinados integradores, e para serem certificados por suas tecnologias só podem trabalhar com ela, então também tem algo que começa lá atrás e que não é culpa do integrador, e sim de um setor inteiro que hoje ainda repete as mesmas coisas e muita gente aceita. Enquanto quem estiver consumindo aceitar, isso vai continuar. Quem está com o poder de transformar isso é quem contrata.
Roberto Coletti: Você tomou a decisão de entrar no mercado de inteligência antes do mercado pensar em inteligência, você teve uma visão futura incrível. Qual o insight que você traz de forma geral? E pode escolher se é para o cliente, para o funcionário ou para a empresa.
Alexandre Chaves: Pode ser até uma coisa óbvia: uma palavra mágica chamada ética. A ética está muito relacionada a saber falar não para não começar errado com um cliente. Eu só estou hoje aqui porque sempre tomei muito cuidado com a história do fazer a coisa certa, de não se comprometer com aquilo que não é capaz de fazer.
Essa história de você receber a visita de alguém, você está interessado por algo e alguém virar para você e falar que você não está pronto para aquilo e entrar em uma linha mais consultiva de te ajudar, preparar e falar daqui algum tempo você me liga e eu volto. Eu acho que é algo que é importante sempre, vai estar em uso daqui 1 ano, 5 anos, 10 anos ou 20 anos. Às vezes a pessoa tem uma ideia muito disruptiva, mas se não integrar aquilo com qualidade, com zelo, não vai adiantar nada aquela ideia.
Roberto Coletti: É literalmente o feito é melhor que perfeito, a gente está longe ainda da realidade, do avanço da tecnologia no mundo. A área de segurança está muito aquém ainda. Faz e depois aos poucos vai ajustando o processo para poder buscar o avanço da tecnologia. Não adianta querer olhar a câmera, o WhatsApp 3D, e o cliente não tem nem internet, não tem o básico.
Obrigada Alexandre pela participação, que você continue empreendendo de forma disruptiva e mudando o setor. Quando você colocou que é difícil as pessoas entenderem, eu te entendo muito bem, porque eu estou batendo nessa tecla, mas eu não desisto, eu não vou voltar ao que é o mercado old school, eu vou continuar olhando para frente.
Sobre a C4i
A C4i é uma empresa especialista em unir tecnologias, processos e pessoas para constituir um ecossistema de inteligência aplicada à segurança da família e do patrimônio. Se quiser saber mais sobre a solução Monitoramento Inteligente da C4i, visite a página www.c4i.com.br ou entre em contato via WhatsApp (11) 9 8858-9233.