O CEO da C4i, Alexandre Chaves, participou do programa Tacada de Mestre, apresentado por Roberto Coletti, diretor executivo do Grupo Montu e Antônio Neves, head security da The Heineken Company, que aborda as ações e estratégias que mudaram o resultado do jogo profissional dos convidados.
A C4i é uma empresa especialista em unir tecnologias, processos e pessoas para constituir um ecossistema de inteligência aplicada à segurança da família e do patrimônio.
Nesta primeira parte do bate-papo, Alexandre compartilhou os desafios em implantar projetos de segurança disruptivos e fora da caixa, e explicou suas estratégias para manter a C4i em constante inovação.
Antonio Neves: Poderia contar aos nossos ouvintes e espectadores quem é o Alexandre Chaves?
Alexandre Chaves: Sou uma pessoa que está em constante busca por conhecimento, sou um incansável aprendiz. Atuei por 25 anos como integrador de segurança e em um determinado ponto da minha carreira decidi vender essa empresa e me dedicar integralmente ao projeto da C4i, onde lidero atualmente como CEO.
Considero a C4i uma startup com equipe sênior no comando. Nós não nos encaixamos em nada de padrão que existe no mercado. Atendemos um público de gestores que não estão confortáveis em fazer projetos do mesmo jeito, então realizamos esse trabalho de auxiliar esses profissionais a se conectarem ao novo momento do setor e a entender as transformações que estão ocorrendo.
É um grande desafio porque hoje estamos no meio dessa transição entre o velho e o novo, como consequência, alguns gestores querem algo, mas não sabem o quê, e isso significa que eles ainda não estão preparados para a C4i. É preciso ter coragem para dar um passo para trás e falar para o cliente primeiro entender o momento que a empresa dele está passando para depois nos chamar, porque evidentemente não temos uma fórmula mágica, somos um pedaço do processo.
Antonio Neves: Quem não sabe o que quer, compra qualquer coisa e muitas vezes compra errado. O mercado vem se transformando e sabemos que o modelo que apelidamos de “old school” já está com os dias contados.
Sabemos que você é uma pessoa que pensa diferente na área de segurança. O que te levou, junto com a C4i, a fazer esse trabalho de segurança inteligente?
Alexandre Chaves: Quando eu ainda era proprietário de uma integradora, o diretor de operações da C&A, que fazia parte do nosso grupo de clientes, falou que queria trocar as câmeras de segurança da empresa conosco. Questionei o motivo dele querer mudar os equipamentos e ele compartilhou os problemas de segurança do site. Eu fui sincero com ele e disse que trocar os equipamentos só o faria ver a imagem do problema em alta resolução, mas não ia resolver nada.
Como eu já tinha viajado bastante, vi muitas coisas interessantes em Israel, Espanha e Estados Unidos, entretanto pouca coisa era aplicável à nossa realidade, mesmo assim ousei e despejei um caminhão de sugestões do que eu achava que fazia sentido, como adicionar inteligência, processos, etc. O olho dele brilhou e ele me pediu para pensar em alguma coisa para colocar essas ideias em prática porque ninguém fazia aquilo no Brasil.
Dessa provocação, em 2016, nasceu a C4i. Sai do mercado de infraestrutura para me dedicar à Inteligência em Segurança.
O mercado de modo geral sempre parte do pressuposto que o monitoramento acontece depois de uma ocorrência, ou seja, apertaram o botão de alarme ou botão de pânico, alguém pulou a cerca, coisas do tipo. A nossa proposição é falar de monitoramento meio como Minority Report, aquele filme em que Tom Cruise começa a prender as pessoas antes de cometerem um crime. Com todas as tecnologias e os adventos que estão disponíveis para nós é possível fazer o monitoramento do potencial risco e começar a atuar antes do problema acontecer. É o nosso propósito de transformação, fazer com que essa segurança que hoje é reativa se transforme em preventiva de fato. Podemos fazer isso sem impactar nenhuma camada existente hoje, ou seja, eu não conflito com os recursos humanos, com os integradores, com quem implementa a infraestrutura, nós entramos realmente com inteligência, tecnologia de processos e algoritmos que vão ser completamente amigáveis com aquele legado de equipamentos que o cliente já possui.
Temos feito isso com bastante sucesso para clientes corporativos em todo o país, como diz o Paulo Lemann da Ambev, “a história de quem sonha pequeno e sonha grande dá o mesmo trabalho”. Somos um negócio que não foca no volume e sim em grupos empresariais com visão, com necessidade, que querem ir mais longe e precisam de um parceiro que ajude nessa jornada. Tenho a felicidade de ter um time que é mais louco do que eu e talvez o grande mérito é esse, porque ter pessoas que acreditam no sucesso de uma empresa, de um projeto, é um sonho coletivo e todo mundo precisa realmente desejar aquilo. Estamos de fato contribuindo, quem está entrando não está saindo e isso para nós é o maior indicador.
Roberto Coletti: Você tocou no aspecto de gestão de pessoas. O Neves escreve muito no Linkedin sobre intraempreendedor (quando colaboradores aplicam suas habilidades empreendedoras dentro da empresa onde trabalham) e eu sempre fui assim e trago esse legado para dentro da companhia que hoje eu sou empreendedor. Como você vê o mercado de segurança desde a base até o topo da pirâmide quando falamos de intraempreendedor?
Alexandre Chaves: Falando especificamente para os gestores, que são os profissionais que geralmente a C4i se relaciona, eu vejo que às vezes falta coragem de assumir protagonismo com as coisas. Eles acham a solução legal, disruptiva e fico me perguntando o motivo de às vezes a negociação não andar. Você vai levar eficiência, irá reutilizar a estrutura já existente, então por que empaca?
O tempo passa, eu estou de férias com a família em um lado extremo do país e acabo encontrando o presidente daquela companhia e começamos a falar sobre tecnologia e ele vê muito valor naquilo que ofertamos e marca uma nova reunião, e fica aquele climão na sala pois os gestores perderam a grande chance de realizarem aquilo porque às vezes comprar a briga com o chefe, assumir o risco, é uma coisa que não é todo mundo que tem a coragem de fazer.
Eu estou tentando dar uma chacoalhada e dizer para esses profissionais que empreender muitas vezes é comprar briga, se não tiver coragem você não vai ser empreendedor, intraempreendedor, não vai ser nada. A mudança, a transformação, ela mexe na zona de conforto e você precisa estar disposto a ter resiliência, paciência, vontade de estar todos os dias ali, mesmo que um ou outro tente te desestimular, você tem que continuar fiel aos seus ideais e seguir em frente. Vejo que hoje, de um modo geral, falta às pessoas desenvolverem esse componente, porque sem isso muito projeto bom morre pelo caminho, muito empreendedor, intraempreendedor para pelo caminho, pois não consegue sair da etapa 1 para a etapa 2.
Antonio Neves: Eu sou um fiel defensor do intraempreendedorismo, acho que é possível empreender onde você está, porém vejo muitos colegas falando “o que você vai ganhar com isso?”, “qual o seu retorno financeiro?”, “por que está trazendo mais trabalho para você?”. Fico frustrado de ver que as pessoas estão muito no viés do dinheiro, do efeito imediato. Nem tudo é dinheiro, tem a satisfação de querer fazer a diferença, de deixar um legado. Como você vê isso? Minha visão está distorcida ou é nesse caminho mesmo?
Alexandre Chaves: Falamos muito disso na C4i, da visão de espírito de dono. Para mim a melhor história é aquela de quando o Steve Jobs quis contratar o presidente da PepsiCo e os acionistas acharam que ele estava ficando louco. Ele marcou a reunião e nesse bate papo ele foi categórico: “Amigo, você quer continuar fabricando xarope de cola ou você quer vir para Apple deixar sua marca no universo comigo?”. Ninguém falou “vou te pagar mais de x milhões de dólares”, foi o momento que tocou. Se a pessoa não pegar aquele ideal, o propósito do negócio é trazer para si, a coisa não caminha. Essa história de “o que eu ganho com isso?” está realmente muito démodé e tenho certeza de que os profissionais que estão fazendo a diferença não pensam assim.
Hoje tem muita informação, tem muita coisa acontecendo, dá para aprender tranquilamente. Eu digo que eu sou o pior de todos os meus heads, a média do time é 50 anos de idade e eles dominam muita coisa, e não é que nasceram sabendo, vão buscar, estão pesquisando, estão vendo, e assim estão fazendo mais porque tem um propósito muito grande na frente que vai permitir que venham outras coisas junto, não é o dinheiro o grande motivador.
Qualquer ser humano que tenha que acordar cedo porque especificamente precisa do dinheiro só para pagar conta, realmente necessita fazer outra coisa da vida. Se você não tiver o prazer de acordar pelo prazer de servir, de deixar a sua marca em algum projeto em alguma companhia, vá fazer outra coisa porque você está no lugar errado.
Roberto Coletti: Você é um empreendedor que reinventou o seu negócio algumas vezes. Lembro quando você atuava como integrador e foi um dos maiores do mercado, depois se reinventou e começou a atuar com inteligência na segurança. Em que momento você entendeu que essa era a virada de chave?
Alexandre Chaves: Não foi um clique pontual e sim um processo que foi acontecendo. Comecei no setor de segurança há quase três décadas, fiz muito benchmarking em outros países e isso me permitiu sair do meu espectro e conhecer coisas novas, outras culturas. Por exemplo, essa ideia de trazer hardware, software e tecnologia no geral como um serviço já se falava há muito tempo em outros países.
Eu também já estava saturado de estar há mais de 20 anos dentro do mercado de infraestrutura, era um setor que estava chegando cada vez mais pessoas e todo mundo estava fazendo as mesmas coisas e essa história de fazer as mesmas coisas sempre me incomodou. Hoje inclusive temos uma dinâmica que quando outras pessoas chegarem aonde estamos, nós já não podemos mais estar ali.
Decidimos com a C4i fazer algo diferente e nós realmente perseguimos esse tipo de situação. Fazer algo novo não é necessariamente inventar a roda, invenção é de fato criar algo do zero, mas inovação é muitas vezes pegar algo que já existe e fazer de uma forma diferente, melhor e essa inovação dentro do nosso setor tem uma série de oportunidades.
Nós começamos a ver que infraestrutura, o ferro, o cabo, a mão de obra é commodity, e a inteligência é a informação, o grande petróleo hoje são os dados, por isso decidimos lá atrás fazer uma escolha, abrimos mão desses 25 anos de trajetória de infraestrutura para nos especializarmos em dados, informação, adicionar inteligência e é um campo que nos encanta diariamente, a cada dia ficamos mais apaixonados e é algo muito dinâmico, porque estamos aqui conversando e alguma coisa já mudou, estamos falando de algo que não tem como segurar, é como tentar prender ar na mão.
Os conceitos de deep learning, de machine, são incríveis. Você começa a colocar algo lá e diz para aquele algo aprender sozinho e ele vai aprender, ele começa a te dar highlights, orientações que nenhum humano foi lá dizer para ele que ele tinha que trazer aquilo como informação. Isso realmente é algo que nos encanta e nos apaixona e foi um processo, um conjunto de coisas que fomos trazendo que nos fizeram entender que tínhamos que criar um oceano azul novo e colocar nosso barco lá.
Antonio Neves: Vamos falar sobre a inteligência que podemos aplicar na segurança. É muito claro que você busca diariamente reciclar, se renovar, mas o modelo old school, que hoje é um sofrimento, lá atrás ele foi disruptivo também. O que você faz para não permitir que o seu modelo caia nessa armadilha do old school? O que te leva a sempre ficar girando a roda e o que você faz na prática para sempre buscar essa disrupção de mercado?
Alexandre Chaves: Nós fazemos um movimento de trazer a bagagem, o conhecimento, um ativo muito valioso das pessoas, porém trazemos para dentro do negócio as melhores práticas. Eu, por exemplo, tenho posições dentro da nossa estrutura de negócios que muitas empresas às vezes convencionais acabam não tendo, como uma diretoria dentro da C4i só para ficar atenta à inovação, outra só para pensar na estratégia, não olhando o dia a dia e sim para frente.
São coisas que permitem que a gente consiga estar na vanguarda, porque o padrão dos negócios quase sempre é: começar a desenvolver um trabalho, ganhar escala, focar no que traz resultado, crescer a base, se tornar grande naquilo e então parar de olhar para fora, assim você fica com a cultura de “time que está ganhando não se mexe” e perde o timing.
Nós nativamente já nascemos com a cultura de enxergar adiante, de ter pessoas que não ficam com a cabeça dentro do negócio e discutimos coisas para 3 a 5 anos à frente, como o impacto que o 5G vai ter dentro do setor, como podemos nos antecipar a determinadas situações, etc.
Essa história de você ter profissionais e processos muito bem delineados para olhar para frente é realmente um ponto importante, precisa fazer parte de qualquer negócio, o empresário que vai iniciar um empreendimento precisa tentar se manter um passo à frente, cultivando uma visão de longo prazo.
Sobre a C4i
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